quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Em ação contra desigualdades sociais e de gênero

Durante a oficina, pesquisadores debateram ações a serem empreendidas para combater disparidades de tempo gasto entre mulheres e homens em atividades domésticas | Foto: Secretaria da Mulher / Divulgação

Cerca de 40 pessoas, entre servidores da gestão pública do GDF e pesquisadores, participaram da oficina “As variáveis de uso do tempo: conceitos e aplicabilidade para estudos e políticas de gênero”, promovida pela Secretaria da Mulher e pela Companhia de Planejamento (Codeplan) na Escola de Governo (Egov).

O encontro foi planejado após uma análise da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), que, feita pela Codeplan em 2018, identificou disparidade no tempo gasto nas atividades domésticas entre homens e mulheres em todo o território do Distrito Federal.

Segundo a pesquisa, as mulheres gastam, em média, 12,6 horas a mais por semana na realização de tarefas domésticas. Por conta dessa demanda, elas enfrentam dificuldades em encontrar ocupações formais, com período estendido de permanência nos postos de trabalho.

12,6 Total de horas a mais gastas pelas mulheres, por semana, em tarefas domésticas, em comparação ao tempo que os homens dedicam a essas atividades

Políticas públicas

“O debate sobre o uso do tempo nas questões de gênero é um fator primordial para que mais mulheres sejam inseridas no mercado de trabalho e, a partir daí, possamos tirá-las de situações de vulnerabilidade econômica e diversos outros tipos de violência”, destacou a secretária da Mulher, Ericka Filippelli.

Com base na avaliação da Pdad, a Secretaria da Mulher identificou a necessidade de trabalhar em pesquisas que possam aprofundar essas informações. A meta é aperfeiçoar os instrumentos que auxiliem na elaboração de políticas públicas de gênero e qualidade. Antes do início da pesquisa, haverá outras oficinas para subsidiar a seleção de variáveis e indicadores a serem utilizados.

Uma das ferramentas a ser empregada nesse trabalho no próximo ano foi apresentada, durante o encontro, por Ericka Filippelli: o Observatório da Mulher, que servirá como base para qualificação de dados e análise da realidade das mulheres do DF. Também em 2020, a Codeplan fará outra pesquisa sobre o uso do tempo e gênero no DF, para detectar dados sobre as diferentes dinâmicas de alocação do tempo por mulheres e homens na capital federal.

Recortes da pesquisa

 “Temos certeza que a coleta de dados sobre o uso do tempo das mulheres será importante para construção de políticas públicas e de mudança no patamar de análise e desconstrução das desigualdades de gênero no Distrito Federal”, reforçou o presidente da Codeplan, Jean Lima. Presente à abertura da oficina, ele destacou o trabalho que a Secretaria da Mulher, com base em evidências, tem feito no combate à violência doméstica.

Representante do Ministério da Economia, Mariana Almeida, uma das debatedoras do evento, ressaltou que a pesquisa deve considerar os recortes de classe social e raça. Ela sugere considerar que o tempo de deslocamento ao trabalho pode ser diferente para mulheres negras e pobres.

“Precisamos sair do quantitativo para o qualitativo”, emendou a professora e pesquisadora Carla Antloga, da Universidade de Brasília (UnB0. “Já ocupamos muitos lugares de trabalho, numericamente, mas que lugares são esses?”, questionou.

“Já ocupamos muitos lugares de trabalho, numericamente, mas que lugares são esses?” Carla Antloga, pesquisadora da UnB

Uso do tempo

De acordo com a pesquisadora Luana Pinheiro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), IPEA, trabalhos nessa área ainda carecem de reforço. “Não existem, no Brasil, pesquisas específicas sobre o uso do tempo”, disse. Ações com esse alvo, lembrou ela, são importantes para que a administração pública atue avaliando a questão do uso do tempo como primordial no debate de igualdade de gênero.

“A realização da pesquisa é um passo importante rumo ao estudo minucioso do uso do tempo na vida das mulheres, e a riqueza do processo de construção com diversas instituições, produtoras de informação e de análises, eleva o Governo do Distrito Federal a um patamar de referência nacional”, concluiu a subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres e idealizadora da oficina, Mariana Meirelles.



Em ação contra desigualdades sociais e de gênero publicado primeiro em https://www.agenciabrasilia.df.gov.br

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